Reflexão sobre a morte e o velório da Preta Gil
Nem o Papa, nem a pessoa de fato mais importante, medida pela sua ações, como Madre Teresa de Calcutá, tiveram o reconhecimento devido em sua morte, como teve Preta Gil. O velório dela foi milimétricamente pensado e realizado.
Os artistas todos de branco, roupas brancas no velório dela era um crachá que identificava uma pessoa que não fazia parte da turma dos comuns, elas pertenciam a uma classe superior ou a uma casta de privilegiados. Antes se ia a velórios de roupas pretas, significando luto...
O telão com fotos da cantora foi previamente confeccionado para que, quem lá estivesse, assistisse a trajetória de alguém que nasceu em berço de ouro e desfrutou desse berço até em sua cruel doença. Poucos, pouquíssimos são privilegiados de ter o tratamento médico que Preta Gil teve. E, de fato, seu poder financeiro, coisa que a maioria das pessoas nao desfrutam num tratamento oncológico, principalmente, a privilégiou.
O Teatro Municipal abriu suas portas para ser o palco de um desfile às avessas de um momento que deveria ser de dor. Parecia mais um requintado momento de celebração. Segundo Regina Casé, Preta Gil foi uma das pessoas mais importantes dos Brasil. Aqui me dou o direito de opinar: "menos, Regina Casé".
Importante mesmo são aqueles que contribuem, mesmo em sua pequenez, com o trabalho árduo do dia a dia para o crescimento do país, importante mesmo é aquele que ajuda os menos privilegiados, aquele que contribui com a ciência em busca de soluções para as doenças cruéis que acometem a humanidade. Menos, Regina Casé!
O prefeito do Rio de Janeiro foi levar suas condolências aos familiares de Preta. Que pena ele não ter esse gesto quando um pobre coitado tem sua vida ceifada por uma bala perdida na violenta Rio de Janeiro. A primeira dama, também vestida de branco, lá esteve. No seu usual comportamento inadequado, sorria a todo tempo, e para levá- lá de Brasília ao Rio, com certeza um avião da FAB foi seu transporte.
Quando se ganha um nome de rua, os trâmites são lentos e demorados, pois se exige aprovação da Câmara dos Vereadores e principalmente, a votação prévia. Exige-se também um pequeno estudo sobre a relevância da pessoa que ganhará o nome. À Preta Gil lhe foi outorgada um rua, das mais centrais do Rio de Janeiro, em questão de 2 dias. Quando os poderes constituídos querem, eles fazem! Circuito Preta Gil é agora o nome do logradouro onde é realizada a passagem dos trios elétricos.
Por fim, a esse velório, nos cabe uma reflexão sobre os dois pesos e duas medidas que se aplicam às pessoas. Sobre as inversões de valores. A contribuição de Preta Gil para a arte, a meu ver, foi irrelevante como cantora, apresentadora, comunicadora. Admito que sua luta contra essa doença cruel, foi sim, um exemplo.
E finalizando, onde estava a mãe de Preta Gil em todos os momentos da doença dela? A inexistência dela nesta novela toda mostra o quanto ela foi uma simples coadjuvante, cabendo a Gilberto Gil o papel principal. Enfim, segundo declaração de José Gil, irmão de Preta, teve drinques servidos durante o velório. Com isso termino com um "TIN TIN". E brindemos às incoerências do ser humano, às desigualdades, às injustiças que os pobres mortais são vítimas. E um pedido: Menos, Regina Casé!

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