A Presença de Negros e Mulatos na Elite do Brasil Império
O Império do Brasil teve inúmeros negros e mestiços detentores de títulos de nobreza, como o Barão de Guaraciaba (fundador do Banco de Crédito Real de Minas Gerais ), e; também, vários ministros de Estado negros, como o Visconde de Jequitinhonha (Ministro da Justiça em 1837), o Visconde de Inhomirim (Presidente do Banco do Brasil em 1865), o Barão de Cotegipe (mais tarde , Presidente do Conselho de Ministros em 1885 ), o Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles (1797-1868), fundador, idealizador e primeiro presidente da Academia Imperial de Medicina (hoje Academia Nacional de Medicina) e Patrono do Serviço de Saúde da Marinha do Brasil, o Conselheiro Crispiniano, o engenheiro André Rebouças, (líder intelectual do Movimento Abolicionista) e o Conselheiro Francisco Otaviano de Almeida Rosa, (representante do Brasil na assinatura da Tríplice Aliança contra o Paraguai) que galgavam os mais altos postos na sociedade.
Nomes como Teodoro Sampaio, Juliano Moreira, Tobias Barreto, Antônio Pereira Rebouças, Francisco de Paula Brito, o Conselheiro Zacarias de Góes e Vasconcelos, Machado de Assis, Carlos Gomes, Ernesto Carneiro Ribeiro, Antônio Ferreira Cesarino, Graciliano Fontino Lordão, Hemetério José dos Santos, Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, Cruz e Sousa, Bernardino de Campos, Domício da Gama, Francisco Glicério, Dom Silvério Gomes Pimenta, Dom Luís Raimundo da Silva Brito, José do Patrocínio, Estevão da Silva, Maestro Henrique Alves de Mesquita, José Ferreira de Menezes, Natividade Saldanha e Luís Gama, tiveram lugar de destaque nas artes, ciências ou na política no Brasil .
Muitos desses homens eram filhos e netos de escravos que se afastaram do cativeiro, ascenderam socialmente e ocuparam cargos em áreas que vão da medicina até o jornalismo e a política.
Observadores estrangeiros como o Conde d'Eu, e o Conde Gobineau, notaram em suas primeiras impressões a "facilidade da ascenção social entre os homens de cor"
Em 1850 os negros e mulatos livres representavam 42,7% da população. À época, de cada quatro negros três eram livres. Muitos deles se destacavam nas instituições de ensino, nas artes e sobretudo na imprensa
A ascensão social foi sempre mais fácil para o mulato do que para o negro. Quanto mais clara sua pele, quanto menos estigmatizado pelas características raciais, tanto mais fácil seria sua ascensão social. O desenvolvimento urbano, a multiplicação dos serviços burocráticos e administrativos depois da Independência, o crescimento do comércio, a progressiva eliminação do trabalho escravo nos núcleos urbanos e sua concentração nas zonas rurais, as novas oportunidades que o trabalhador livre encontra no decorrer do século XIX criaram maiores possibilidades de ascensão para os negros e Mulatos livres.
No Artigo "The Brazilians" o líder abolicionista americano Frederick Douglass cita em 1855 o acesso de Negros e Mulatos nos altos cargos do Governo Imperial:
“Dos sete milhões que constituem a população total do Brasil, estima-se que três milhões são escravos negros, dois milhões e meio são índios aborígines e negros livres, e o resíduo, um milhão e meio, são brancos. O estado social da população brasileira não é marcado pela distinção de cor, tão imperativa em outro país na produção de classes. No Brasil só existe distinção entre liberdade e servidão.
Os negros tem acesso a tudo, e estão em posse de muitos cargos de honra e confiança, e engajados em todos os departamentos de negócios. A raça branca e a negra se encontram em termos de perfeita igualdade no intercurso social, e casam-se entre si sem escrúpulos...o escritor do (jornal) North American Review...conheceu “a esposa de um almirante, cuja pele era a mais escura entre as filhas da África” e menciona “o desalento de um agente diplomático americano, com a entrada de um coronel negro na corte, a quem ele foi apresentado. Nós temos a mesma notícia do fato que, não faz muito tempo, o embaixador brasileiro na Inglaterra (Visconde de Jequitinhonha) era um mulato, e no presente momento, uma ampla maioria dos membros do exército, tal como os oficiais, são descendentes de africanos.”
Fonte: Um rio chamado Atlântico: A África no Brasil e o Brasil na África. Alberto da Costa e Silva/ O Brasil por Frederick Douglass: impressões sobre escravidão e relações raciais no Império.
Quanto a Zumbi dos Palmares, negro, escravagista e assassino, foi só uma mentira que inventaram para ignorantes idolatrarem.





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