‘RJ está mergulhado em crise institucional que não é para principiantes’, diz deputado após prisão do presidente da Alerj

A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), mostra como o crime organizado está infiltrado no estado e aprofunda a instabilidade política fluminense, na avaliação do deputado estadual Flavio Serafini (Psol), em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

O deputado lembrou que, além da prisão de Bacellar, o estado enfrenta um possível desfecho de grande impacto político: o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar o governador Cláudio Castro (PL) e o próprio presidente da Alerj por suposto esquema de compra de votos via contratos fantasmas do Programa de Conservação e Preservação de Rodovias (CPR).

“O Rio de Janeiro está mergulhado em uma crise institucional que não é para principiantes”, afirmou Serafini. O parlamentar criticou a demora do julgamento e disse que o caso “é uma vergonha e não podia estar se arrastando até praticamente o último ano de mandato [do governador]”.

Ele explicou que, com a saída do vice-governador Thiago Pampolha (MDB) para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Bacellar é o primeiro na linha sucessória, o que, segundo ele, influencia diretamente os movimentos de Castro.

Serafini avaliou ainda que o governador deve tentar proteger Bacellar no plenário da Assembleia, apesar do rompimento entre os dois. “O meu palpite é que ele vai tentar sustentar a soltura do Bacelar. A tendência da maioria da Alerj vai ser votar por uma soltura”, analisou.

‘Novidade para todos’

Apesar de já haver indícios de ligações de Bacellar com o ex-deputado TH Joias (MDB), preso por colaboração com o Comando Vermelho, a operação da Polícia Federal surpreendeu pela suspeita de “obstrução de Justiça”, de acordo com o deputado.

“A operação de hoje nos causou alguma surpresa porque traz um elemento que é uma novidade para todos nós, que seria um suposto envolvimento do presidente da Assembleia, Rodrigo Bacellar, em uma obstrução de Justiça, dando informações ao TH Joias da operação que levou à prisão dele”, disse.

Para o parlamentar, a situação de Bacellar reforça a urgência da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, que determinou investigações sobre a infiltração do crime organizado nas estruturas de Estado. “Essa decisão é fundamental, muito importante, e tem o nosso total apoio”, disse.

Serafini também criticou a política de segurança do governo Cláudio Castro (PL), alegando que ela concentra força nas favelas, mas evita enfrentar o que chama de “andar de cima”. “Em nome do combate ao crime, eles banalizam a morte dos corpos pretos das favelas. Agora, enfrentar a criminalidade que está no parlamento, nos palácios do poder, isso eles não querem enfrentar”, denunciou.

Fragmentação da extrema direita

O deputado acredita que a direita fluminense vive um processo de desagregação após os atritos entre Bacellar, Cláudio Castro e a família do ex-presidente preso Jair Bolsonaro (PL). “Sem dúvida nenhuma, Rodrigo Bacelar, durante algum momento, conseguiu unificar atores importantes. Só que ele não tinha conseguido unificar o ex-prefeito de [Duque de] Caxias, Washington Reis [MDB]”, explicou.

exoneração de Reis, durante o período em que Bacellar assumiu interinamente o governo, teria gerado um desgaste irreversível. “Com essa movimentação, ele acabou cometendo um erro grave porque ele confrontou o governador e confrontou também a família Bolsonaro”, contou Serafini.

Segundo ele, esse cenário abriu espaço para que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ocupasse parte do eleitorado mais conservador. “O cenário do Rio de Janeiro é um cenário de incerteza, mas especialmente de fragmentação da extrema direita”, declarou.

A possibilidade de cassação de Castro, na sua avaliação, adiciona ainda mais imprevisibilidade ao calendário eleitoral de 2026. “Podemos ter uma eleição suplementar direta na metade do ano. O Rio de Janeiro não é para principiantes”, projetou o parlamentar.

Brasil de Fato

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