As vitórias dos conservadores dia 2 reelegerão o presidente dia 30

 

Passado o estresse da contagem dos votos, quando o início apontava para uma vantagem do presidente e, pouco depois, uma inversão de posições fazendo lembrar 2014, eu não tenho dúvidas de que o PT saiu derrotado e Bolsonaro foi o exitoso desta primeira etapa. Vi frustração nas expressões fisionômicas de apresentadores da Globo e da CNN em cujas reações andei dando uma olhada. Cheguei à mesma conclusão observando a ausência de comemorações petistas ao resultado das urnas. O PT não sentiu que venceu, nem que está à beira de uma vitória. Percebi preocupação em alguns semblantes togados.

Diferente do que apontavam as pesquisas, o resultado fez a bolsa de valores subir mais de 5% num único dia e a cotação do dólar despencar 4%, revelando que o verdadeiro mercado (não o dos banqueiros da av. Faria Lima) tem justificado receio de uma volta do bandido ao local do crime. É tudo muito racional, compreensível e aponta para um horizonte favorável.


Por outro lado - celebre-se! - o PT virou um partido do Nordeste brasileiro, como outrora foi o PFL. Nenhum partido vai longe se perder raízes nos centros econômicos e nos grandes centros urbanos de um país que se urbaniza. A situação atual não é o sonho de nenhum intelectual da USP, de nenhum "intelectual orgânico" ou inorgânico. De uma situação assim não vem hegemonia com perfume revolucionário capaz de agradar as hostes petistas.


Tem mais. Os partidos de esquerda encolheram! O PSDB sumiu da Câmara dos Deputados e apenas no Rio Grande do Sul disputa um governo estadual. Os ministros de Bolsonaro que buscaram vaga no Senado foram eleitos, o presidente fez 99 deputados federais em seu PL e a sociedade escolheu um Congresso com perfil amplamente conservador. O leque de alianças a ele acessível é muito superior ao de Lula. Os partidos de esquerda conseguiram apenas 138 deputados, enquanto a direita elegeu 273 (o dobro). Esse grupo se mobilizará em favor do presidente.


Onde buscar votos adicionais para vencer a eleição para buscar a vitória no 2º turno? Sobra trabalho. A abstenção alcançou 32 milhões de eleitores (21%)! Entre os que votaram nulo ou branco há outros 5,4 milhões de votos. A soma dos candidatos fora do segundo turno envolve mais 10 milhões de sufrágios a serem trabalhados nas próximas quatro semanas. Em síntese, há quase 50 milhões de eleitores a serem conquistados para alcançarmos uma confortável diferença sobre o ex-presidiário.


Essa tarefa começou anteontem. Ora et labora!


Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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