Lula confirma presença no Foro de São Paulo junto a ditadores e reforça imagem negativa no Brasil e no exterior
Fundado em 1990 por Lula e pelo antigo ditador cubano, Fidel Castro, o Foro de São Paulo (FSP) foi criado com o intuito de unir a esquerda latino-americana após o colapso da União Soviética. Em 33 anos, a organização se consolidou como uma força que tenta impor pautas de esquerda ao subcontinente, apoiou grupos criminosos como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e faz vistas grossas a ditaduras.
Atualmente, 123 partidos, de 27 países, estão associados ao Foro. Em solo brasileiro, de acordo com o site da organização, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) estão na lista de associados ao grupo. Procurada pela reportagem, no entanto, a assessoria do PDT que informou que não faz mais parte do grupo, ainda que o nome do partido conste na lista de associados no site do Foro de São Paulo.
Para a doutora em Ciências Políticas Deysi Cioccari, Lula está “fornecendo argumentos para a oposição” ao posar com ditadores e confirmar presença no Foro de São Paulo. Segundo a especialista, o petista está apostando em um alto risco político, levando em consideração que atualmente o Foro não é um consenso nem mesmo dentro do PT. “Lula tem dobrado a aposta em questões sensíveis e [sua presença no Foro de São Paulo] certamente vai reforçar a ideia de que ele apoia ditaduras”, pondera Cioccari.
No final de maio, o presidente brasileiro tentou demonstrar força ao reunir os presidentes da América do Sul em Brasília para a Cúpula da América do Sul. Tal esforço, no entanto, foi minado por ele mesmo com declarações equivocadas sobre a Venezuela. Ao se encontrar com o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, Lula disse que a Venezuela era “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.
A fala do presidente brasileiro é totalmente equivocada. A Venezuela possui um extenso histórico de crimes, entre eles prisões e assassinatos de opositores políticos, censura de partidos políticos e repressão pesada contra a livre opinião.
As alegações causaram reações em chefes de Estado de direita e também de esquerda, que repreenderam as afirmações do petista. Ainda na última semana, durante viagem à França, Lula também teve um encontro com o ditador cubano, Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez. Em sua conta no Twitter, o petista disse que os dois discutiram “questões bilaterais que foram abandonadas nos últimos anos”.
Para Cezar Roedel, mestre em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a participação de Lula no Foro de São Paulo é mais uma prova de sua “subserviência a modelos de regimes ditatoriais”. “[Tais afirmações e atitudes de Lula] já prejudicaram sua imagem em relação ao resto do mundo, porque se entende que a política externa que ele tem exercido é em prol do seu interesse pessoal e não do que interessa ao país”, pontua.
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