Dia da PERFÍDIA

O ministro Alexandre de Moraes (STF) foi o primeiro a ameaçar manifestações alusivas ao 8 de Janeiro, neste mês.

Ao tomar conhecimento de que o presidente Lula irá promover um ato oficial de protesto contra a oposição nesta data, encostado nos três comandantes das Forças Armadas e em ministros convidados do STF, tomei isto por mais uma provocação.

Ele falará o que bem entender e sem contraditório para ecoar na mídia de aluguel. Quanto aos ministros do STF que venham a apoiar com suas presenças, estarão antecipando e comprometendo, irregularmente, seus votos nos processos que irão julgar os presos a mando de um deles. Que fiquem cientes disso. Devem respeito aos brasileiros.

Os pró-homens desta Nação, com raras exceções estão calados.

Dois fatos, intimamente ligados, o da suspeita fraude eleitoral de 2022 e o do 8 de Janeiro, sobre eles a história revelará a verdade.

No entanto, existe algo intrigante naquele acontecimento de janeiro de 2023. O chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general G.Dias, presente aos atos de vandalismo, não acionou o chamado Plano Escudo que prevê a convocação de tropas e não repassou os alertas de inteligência. Enquanto isto o Ministro da Justiça, assistia impassível da janela do seu gabinete toda aquela agitação, com tropas militares próximas dele.

Mas, até que isto aconteça não deixarei de comentar o vídeo de uma das manifestantes, de dentro do ônibus para o qual foi conduzida com outros em frente ao Comando Militar do Planalto em Brasília: " O Exército nos entregou a Polícia Militar. Nós confiávamos no Exército, deram uma hora para evacuar. Ele iria nos proteger e o Exército nos entregou para a Polícia Militar ."

Há algo de incongruente a ser esclarecido, antes de chegar à conclusão de que teria havido um suposto ato de perfídia do Exército. Estou desconfiado de que o general Dutra comandante, também, foi confundido pela decisão do ministro Alexander de Moraes.

Sempre se ouviu dizer que a ordem foi dada com a precípua finalidade de desmonte dos acampamentos . Tanto é verdade, que em todos os depoimentos colhidos depois ouviu-se, que fora dado uma hora de prazo para a desocupação ou evacuação do local, o que aconteceu para um grande número de pessoas. E, que muitos não tiveram condições de fazerem o mesmo, por falta de recursos. Alguma coisa não está batendo bem nas narrativas criadas.

Isto, no entanto, é compatível com as versões que se seguiram. De que os ônibus levariam os restantes da frente do quartel em cumprimento imediato à ordem do ministro A. de Moraes, para outro local onde pudessem ficar até organizarem seus retornos as suas casas. Havia, idosos, mães com filhos menores, gestantes entre aquela gente.

Se a decisão foi de prender e desmanchar, simultaneamente, os acampamentos, por quê foi concedido tempo para saírem livres e acabaram por prender os que não puderam fazer o mesmo?

Com a chegada do presidente Lula - no mesmo dia, de sua fuga estratégica de Brasília a Araraquara, algum esperto e oportunista resolveu pela prisão de uns para engrossar a denúncia a ser feita ao mundo político e assim transformar a cilada aos invasores de prédios públicos em golpistas da direita à democracia, como será a encenação presidencial no próximo 8 de janeiro.

O general Dutra que entregou os manifestantes acampados diante do Quartel em Brasília para o embarque em 50 ônibus pela Policia Militar, se tivesse conhecimento de que eles seriam levados na condição de presos a um campo de concentração, sem infraestrutura mínima, jamais poderia dar a entender que eles seriam libertados em outro local. O transporte daquelas pessoas foi realizado sem transtornos ou resistências. Por isso, acredito que o próprio general Dutra, cumpridor da ordem do ministro A. de Moraes também foi enganado.

Todavia, em caso contrário, pela primeira vez vou ter que admitir que o Exército Brasileiro, cometeu ato de perfídia se a intenção foi a de enganar aqueles brasileiros sobre o seu real destino.

Para quem ainda não sabe o que é perfídia, em uma operação militar, escolha um dos seguintes significados: ato víl, traiçoeiro, enganador, infame ou, sem honra empregado para alcançar um determinado fim.

Que este fim, não seja uma odiosa condecoração, medalha no peito no próximo dia 8 de janeiro, que venha lhe ser outorgada pelo presidente Lula no ato comemorativo da cilada aplicada a milhares de presos levados a presídio improvisado, casa de tortura física e mental, no mês de janeiro de 2023 Dia da Vergonha Nacional.

Caxias do Sul, 4.01.2025

Por Marcus Vinícius Gravina



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